Na sociedade actual, existem muitas concepções pessoais da próprio termo fútil. Mas, como as palavras têm significados precisos, podemos fazer uma pesquisa e encontrar no dicionário Priberam da Língua Portuguesa: futilidade (latim futilitas, -atis) _s. f. _qualidade do que é fútil, pouco valor, ninharia.
Este artigo vem na sequência de uma entrevista (ver aqui) de Judite de Sousa com, agora o famoso Lorenzo Carvalho Leal. Digo famoso porque depois desta entrevista a cobertura mediática sobre este rapaz vai aumentar exponencialmente (senão era já de si grande). Não vi esta entrevista em directo, talvez se o tivesse feito não ouvisse mais que 5 minutos, mas depois de reparar que foi um assunto com algum movimento, decidi ouvir.
Ao pensar na palavra futilidade lembrei-me da famosa série de filmes Toy Story em que o filme roda todo em torno de brinquedos, não quero falar do filme. Mas lembrei-me da quantidade de brinquedos que aquele miúdo tinha… Como todos nós sabemos, esta não é uma realidade muito distante de algumas pessoas (atenção, algumas…). Têm brinquedos para tudo, desde os mais novos aos mais velhos, mas têm brinquedos. Olhando para definição de futilidade, não vejo uma definição absoluta do termo. Esta definição é mutável no tempo, pois as necessidades das pessoas mudam e, o que não tinha valor, passa a ter e vice-versa. O que nós entendemos por futilidade então?
Judite de Sousa e a ajuda social… (retirado de: alamode)
Pelos vistos, para Judite, ser fútil é ser rico, muito rico e não ajudar socialmente (seja lá o que ela define como ajudar socialmente), ser fútil é ser rico, andar de carro e querer continuar a pilotar, ser fútil é ser rico e querer gastar dinheiro na sua própria festa de anos. Ora, para mim, esta é uma definição de futilidade ambígua. Judite não deve receber o ordenado mínimo, certamente, para que ela quer então o dinheiro que recebe a mais? Ela própria não compra futilidades? Onde está o trabalho “social” dela? Mas passando à frente…
A minha questão não se prende com a ideia persecutória de Judite (existe muita gente assim). Mas ao que percebi, o miúdo é rico, tem dinheiro, não pediu para ser rico… nasceu rico (para muitos… o infortúnio da vida). Tem 22 anos, gosta de sair, gosta de beber copos, comprar coisas, estar com os amigos, conduzir… entre outras coisas. Ao que parece, ele até ajuda bastantes pessoas, amigos, de modo sentido. Também não fiquei com a sensação que o dinheiro dele seja “ilegal”. É um atentado ele ser muito rico e gastar dinheiro? Não. Como ele disse na entrevista “eu dou pelo coração e porque sinto que devo dar, senão aí é mesmo cuspir dinheiro nas pessoas”. Concordo. Como também disse “no mundo ninguém é obrigado a nada, é uma questão de bom senso”. Bem dito. Cada vez que ele for viver para algum lado terá de deixar lá parte da sua fortuna em nome daqueles que não podem? Ele é um miúdo, espera-se o quê, o salvador da pátria? Nós temos pessoas que são “supostamente altamente qualificadas” à frente do país para tratar da gestão nacional, dos problemas das pessoas, agora passa-se essa obrigação para as pessoas que não nos levaram a essa situação?
Ter um carro não é fútil, uma casa com 4 quartos não é fútil? Jantar fora não é fútil? Passear não é fútil? Afinal o que é fútil? Ou a futilidade só serve para quem tem muito dinheiro e alimenta negócios de maior valor? Ser rico legalmente obriga à prestação social, conduzir um país à falência e fazer troca de influências para ganhar mais alguns trocos já não é futilidade… Passe-se a responsabilidade a quem a tem, passe-se a fazer jornalismo decente e deixe-se lá estar o miúdo. Quando for mais velho tem tempo para ajudar a sociedade.