Com o crescimento exponencial da cultura dos meios de comunicação e da Internet começa a existir uma mistura entre a definição de reconhecimento e de realização pessoal. O indivíduo que procura a partilha do seu trabalho, da sua ideia, muitas vezes esquecendo-se da primária razão que o levou à sua execução. É tão mais frequente a incapacidade de sentir satisfação quanto mais infrequente se está isolado do mundo. A lógica social é assim gerida, na sua maioria, por conexões indirectas ao mundo, pressupostos de que no destino alguém vai receber a mensagem. Não pretendo com estas afirmações solidificar alguma ideia subjacente, mas sim apenas divagar sobre o meu próprio pensamento.
Contacto Social
(retirado de popstrip.com)
De uma maneira ou de outra, as palavras que transcrevo para aqui ou para qualquer outro lado acessível ao público contrapõem a ideia que acima quis transmitir. Procuro realização ou reconhecimento através do que escrevo, penso ou imagino? É uma pergunta sensata e pertinente. Penso que de alguma forma, procuro os dois. Não deixa de ser verdade que sinto realização por me entregar a algumas formas de me exprimir, por outro lado, também não é mentira que sinto alguma alegria quando sei que a mensagem chega ao destino.
Esta ideia permite-me tentar extrapolar para fora daquilo que é o meu mundo interior e daquilo que eu sinto. Sejamos nós todos indivíduos da sociedade, complexos e inteligentes. Apesar das inimagináveis diferenças de personalidade e estrutura emocional, somos construídos do mesmo modo, não será difícil perceber que teremos então algumas semelhanças estruturais e sociais. Faz-me sentido pensar que durante o tempo em que existimos, o nosso raio de acção social foi aumentando, por quanto, também a necessidade de partilhar e transmitir. No principio do século passado assistimos a um boom na comunicação, o nosso raio de acção social cresceu e continua a crescer cada vez mais, as pessoas distam entre sim de pouco, muito pouco.
Será que este aumento exponencial do raio de acção é proporcional ao aumento da insatisfação a que assistimos? Ou será que as pessoas estão a caminhar para o sentido em que se sentem mais completas… Creio que neste momento estou com um dilema, grande, talvez. O tempo que cada um dedica a alguém é cada vez menor, é então distribuído por muitas outras pessoas ou até mesmo por algum trabalho solitário. Será que assim existe mais realização? Ou apenas reconhecimento? Será que é este o sentido que deveremos seguir? Pergunto-me se não nos estamos a esquecer daquilo que é fundamental, as pessoas. Porque as pessoas são a essência, porque são estas que nos moldam a nós como seus semelhantes, são estas que nos permitem viver.
Resta-me pensar ou acreditar que nos regemos por aquilo que nos trás mais felicidade, esperando confiar no pensamento de cada um.
Daniel Bento