Ao fim de seis matriculas na Universidade, por vezes pergunto-me se estou de facto a seguir o caminho que quero no meu percurso académico.
Com um plano inicial de seguir Matemática, entrei para o Instituto Superior Técnico (IST), em Lisboa, para o curso de Matemática Aplicada e Computação (MCA). Na altura, pensava eu, tinha um percurso traçado no meu objectivo escolar. Seguir Matemática, fazer Mestrado em Física e um dia, se conseguisse, um Doutoramento em Cosmologia.
Por vezes, as coisas nem sempre correm como esperado e, após a terceira matricula e passar para o curso de Bolonha, o meu entusiasmo foi-se embora e achei que deveria ser mais sensato partir directamente para Física, desta vez na Faculdade de Ciências (FCUL).
A verdade é que, o curso de MCA no IST era bom e divertido… antes da reforma de Bolonha. Apesar da minha incapacidade na época de realizar bem as cadeiras, a realidade é que gostava do curso. Com a reforma de Bolonha, algum interesse perdeu-se e definitivamente, a opção de mudar de curso foi boa, preferindo actualmente a FCUL para estudar.
Tal como a maioria das transformações nos cursos na reforma de Bolonha, o curso de Física acaba por não ter a mesma dificuldade que teria antes e, a preparação dos alunos fica muito longe daquilo que, acredito ser, a preparação nos cursos antigos. Mas, dado que é a nossa realidade universitária actual, o importante é continuar a procurar interesse nas disciplinas.
Num mundo actual, onde a ideia de trabalhar com o meio financeiro acaba por ser motivação para muitos, a ideia da partilha para outros, eu acabo num ramo onde a arte e a ciência andam a par. A Astronomia é uma ciência exacta, mas aqui, a capacidade criativa e imaginativa acaba por ser um factor de grande importância.
Apesar da sua importância e, do seu papel destacado na evolução do Homem, juntamente com outras ciências, a Astronomia ainda assume um papel confuso e de menor relevo para o senso comum. É frequente perguntarem-me se estou a estudar Astrologia na Universidade e, até muitas vezes, questionarem-me a utilidade do que faço.
Da experiência que actualmente tenho, e daquilo que observo, acabo por pensar que esta incompatibilidade deve-se sobretudo à tendência da necessidade de resultados a muito curto prazo. Esta área distingue-se pelos resultados inconclusivos, não imediatos, frustrantes e, principalmente, com efeitos práticos apenas a médio ou longo prazo. Dificilmente conseguimos ver algo com aplicação directa.
Ainda assim, é facilmente constatável que existem várias áreas que progridem com a Astronomia, ou por companheirismo ou até mesmo por arrasto. Claramente, a minha opinião é influenciada pela minha realidade académica, mas não deixo de reconhecer que o custo-benefício da Astronomia, por vezes, não é visível. Acabo por entender os muitos investimentos noutras áreas, mais importantes socialmente, dado o frequente impacto directo na vida das pessoas.
Por outro lado, não deixa de ter uma beleza que é visível a qualquer mente curiosa. A possibilidade de usar o nosso poder imaginativo vai mais longe do que possa parecer. Para além de conhecermos o que está muito, mas muito longe, conseguimos… também, encontrar algum significado para a nossa pequena presença numa grande realidade.
Por fim, apenas me resta dizer que, adoro o meu curso!
Abraço, Daniel Bento