As palavras que nos chegam aos ouvidos são, na maioria das vezes, palavras que soam perdidas no meio das multidões. Quando saímos de casa pela manhã, quando viajamos nos transportes para a escola, seja durante o dia no trabalho ou durante a noite enquanto vemos televisão. São mais que muitas, as palavras. Existem palavras boas, más, assim assim, para todo o gosto… para o nosso e para até para quando não se gosta.
The letter (A carta) por Adrian Clark
O nosso cérebro passa o dia a gerir estas palavras, a decidir o que é mais importante, o que deve ser mesmo escutado e o que deve ser interpretado. De tempos a tempos, ouvi-mo-las mal e percebemos tudo ao contrário, é necessário voltar atrás (felizmente temos essa excelente capacidade) e pensar no que correu mal, no processo inerente a esse erro. Uns dias percebemos que é erro nosso, noutros dias percebemos que não. Acabamos a construir pensamentos mais complexos e difíceis de entender na nossa própria mente, uma linguagem que só nós entendemos. Deixa de ser Português, Inglês, Espanhol, Italiano ou Japonês… eu diria, talvez, “Sentimentês”. São essas as verdadeiras palavras que têm significado nos nossos dias. Por vezes parecem mais razoáveis e racionais, outras vezes parecem completamente descontextualizadas, mas existem.
Cada dia que passa pode ser como outro qualquer ou, pode ter tudo diferente… uma palavra, pode bastar. Entre ficar contente, ficar triste, feliz ou infeliz, a consequência existe. A existência de tamanha quantidade de palavras é também uma prova de que estamos vivos, de que somos inteligentes e capazes de comunicar e de que somos capazes de ter influência sobre o próximo (ou até para quem está mais longe).
Pergunto-me se seremos totalmente donos desta vontade própria de comunicar ou se, na maioria, somos controlados pela vontade do meio, pela própria linguagem do meio. Independentemente da resposta é importante ter em conta que acabamos a ser moldados pelas palavras e acabamos a viver em função da expressão de cada uma.
Daniel Bento