As frases “tens de estudar filho, um dia tens de ser alguém na vida” ou “estuda para não seres como nós” eram comuns, no dia a dia, para a generalidade dos jovens, . Era impossível passar um dia sem as ouvir, seja porque se queria ir tomar um café com um amigo, sair à noite ou ir até à praia. “Estudos” era sinónimo de sucesso e de realização.
A aula de Matemática
Fotografia de stuartpilbrow @ flickr
Infelizmente, o padrão está-se a alterar e são cada vez mais os pais a questionarem se vale a pena os filhos continuarem a estudar (nomeadamente para o ensino superior). Para além dos custos financeiros que acarreta manter um filho na escola (sem que este trabalhe), a falta de emprego e o crescimento a grande ritmo do desemprego jovem está a levar os nossos jovens (actuais pais) ao desespero e os nossos adolescentes a colocarem a escola como segunda opção de futuro.
Não querendo entrar em manifestação partidária ou noutro tipo de intervenção, sinto um clima de elitismo escolar. A sociedade está-se a transformar e, consequentemente, está a modificar o seu núcleo de crescimento e a desmembra-lo. Não sou crente no destino, mas é visível a diferenciação social que está a ganhar forma.
Olhando para o sítio Educação - Público, leio em diagonal o seguinte: o sucesso dos alunos determina a carga horária de uma escola, um pai que deve ao fisco impede o filho de ter bolsa, o filho que falta às aulas obriga os pais a pagar multa (que por sua vez, já não têm dinheiro). O pai que não tem dinheiro, veio de um curso cuja universidade não se comprometeu com a taxa de desemprego da área. Por acaso, o pai, que já tem o seu_ qué_ de dificuldade, tem um filho com Necessidades Educativas Especiais, apenas consegue pensar que o filho vai ter de sair da escola. Ah, não esquecer… há pequenos almoços oferecidos por algumas escolas… Melhor, os alunos indisciplinados a fazer trabalho comunitário?… Bem poderia continuar…
Ainda há dias conversava sobre a importância da formação de cada um. Não considero apenas os anos de empregabilidade importantes para a progressão de uma pessoa, mas considero, também, todo o seu percurso. Na minha opinião, qualquer criança tem o mesmo direito à educação, nos mesmos padrões que os colegas. Faz sentido afirmar que estas são diferentes, mas é uma afirmação válida apenas num tempo local. Globalmente, penso que, é possível arranjar meios de fornecer, a todas as crianças, as ferramentas necessárias para o seu sucesso enquanto estudantes, trabalhadoras e, essencialmente, como pessoas.
Penso que nos deveríamos ocupar a formar, a educar. Fazemos todos parte de uma só sociedade e que pouco conhecemos e, por isso, vale, vale a pena.
Daniel Bento