geral,

Eu sou, mas também o sou

Daniela Filipe Bento Daniela Filipe Bento Seguir 9 de fevereiro de 2015 · 1 min read
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Tenho-me perguntado algumas vezes o que é pertencer a uma minoria ou pertencer a uma maioria. Não tenho formulado esta questão na visão social, política ou judicial, mas apenas de uma forma pessoal e interior. O que significa para mim ser ou não uma minoria?

Pessoalmente, é-me importante perguntar isto, é-me útil ter alguma consciência deste aspecto da minha vida. Questiono-me se, abstraíndo-me de toda a visão social, política e judicial, o facto de estar numa minoria, ou numa maioria, tem algum peso significativo na minha vida interior, na minha consciência de mim mesma.

Eu gosto de pensar em mim como um ser único, com um conjunto de características combinadas de uma forma única. O mesmo vejo em todas as outras pessoas. São únicos na sua construção e vivência. Do ponto de vista da minha interiorização sou tão minoritária como qualquer pessoa que encontro diariamente, qualquer. Cada um é em si um mundo inteiro. Uma realidade, uma verdade. Ao mesmo tempo, os outros são para mim, apenas “a minha verdade”, o meu resultado, a minha interpretação. Há quem use a expressão “cada um sozinho na sua loucura”.

Como tal, vejo em mim uma realidade possível que também o é nos outros. Da mesma maneira que os outros alcançam a felicidade eu também, da mesma maneira que os outros erram eu também.

Podem não haver muitas pessoas com um grau de semelhança grande em relação a determinados aspectos, mas estou próxima em muitos outros. Tenho, como qualquer um, o potencial de ser diferente. Tenho, como qualquer um, o potencial de ser inteiro. Porque sou inteiro. Não sou parte. Ao mesmo tempo, não sou isenta do erro, não sou isenta da desilusão, do mau feitio, da má educação, da incoerência, da dúvida ou do máu carácter.

Pertencer a um grupo minoritário por qualquer questão não me dá o ónus da bondade ou da qualidade. Apenas diz que tenho um aspecto não comum. A minha capacidade enquanto pessoa é tão grande quanto o mundo que me rodeia… para o bem e para o mal.

Dani Bento

Daniela Filipe Bento

Escrito por Daniela Filipe Bento Seguir

escreve sobre género, sexualidade, saúde mental e justiça social, activista anarco/transfeminista radical, engenheira de software e astrofísica e astronoma