Eram uns dias de sol, um sol branco, forte. Eram uns dias de céu azul, um azul suave, limpo. Eram uns dias em que as árvores pararam em escuta do mar. Uns dias em que mais tempo e menos tempo não interessava, apenas o sabor do ar que ventilava pelos caminhos terrenos. Aprender a saborear cada minuto e cada passagem, cada estado. Aprender a estar num dado ponto. Um ponto que não se reconhece no espacialmente e temporalmente, é só um ponto. Estar, por apenas estar.
Dias que se transformam em horas e rapidamente em minutos. Dias que que desaparecem no eco dos gritos da manhã. Um grito da madrugada que engole o sabor e que mastiga a possibilidade. Um grito da madrugada que desaprende o estar e compreende o momento, o espaço e o tempo. Um grito que inspira toda a energia debitada no encontro com o bem estar. Um grito que suprime todas as possibilidades de viver em na paz do sentir. É desta forma, um grito para não se ouvir, um grito com todo o ar inspirado possível, um grito do fundo do coração. Um grito de quem quer dizer basta.
Hoje acordei com este grito silencioso, amanhã vou acordar com um grito audível. Um grito de quem não quer mais. Um grito sem desespero, mas um grito de guerra declarada. Um grito vocal e energético.
Amanhã será outro dia.
Amanhã será o dia. Amanhã será o dia em que o sol voltará a brilhar,que o céu voltará a ser azul. Amanhã será o dia em que as árvores voltarão a parar para escutar o mar. Amanhã será o dia em que mais tempo e menos tempo não interessa, apenas o sabor do ar que ventilará pelos caminhos terrenos.
Estes dias comprometem-se a viver e a sentir. Estes dias comprometem-se a voltar fazer-me sentir e viver. Estes dias comprometem-se a fazer de mim quem sou e não o que não sou. Estes dias comprometem-se a percorrer caminho e não a trilhar por atalhos. Estes dias comprometem-se. Eu comprometo-me com esses dias. Eu comprometo-me com o caminho, comprometo-me com a ligação e comprometo-me com o destino.
Comprometo-me.
Dani
Photo: Jon Olav Eikenes