Primeiro dia de 2025. Foi um ano longo e ao mesmo tempo, muito rápido. Um ano cheio de oscilações mais intensas ou mais graduais, mas com muitas oscilações. Não foi um ano fácil, de todo. Porém, aprendemos e aprendemos sempre, é esse o grande desafio da vida: aprender.
Este não foi um ano muito rico em artigos neste blogue, apesar do que tinha intenções no início do ano. Infelizmente os altos e baixos do dia a dia não me permitiram colocar em ação o que queria para este espaço, mas chegaremos lá, mais cedo ou mais tarde, chegaremos.
Porém, fica aqui uma visão do que foi o meu caminho de 2024 apresentado nos artigos que consegui escrever durante o ano.
O meu primeiro artigo foi só depois do início de Abril, intitulado “Uma parede branca” e usa a tela branca como uma metáfora para a construção da vida em diversos aspectos:
“E talvez isso seja o mais importante de sentir-me uma parede branca. É deixar-me e permitir-me sentir todo o espectro de emoções que existem e não questionar a minha saúde por estar feliz ou estar triste. Durante anos, esse foi um critério para gerir as emoções, não me permitia simplesmente vivê-las, porque significavam algo mais aterrador, mais provocador, mais mortífero… na realidade.”
Em Junho escrevo sobre como eu consegui ressignificar o mundo, a minha vida e ao mesmo tempo sobre o cansaço da coerência:
“Estou cansada de racionalizar o que sinto, de dar resposta a um sistema feito para manter o controlo, manter a eficiência laboral e para produzir para o capital. Eu não quero ter de racionalizar constantemente, quero ser uma pessoa que vive as suas emoções e as suas contradições com o que têm de bom ou mau. Racionalizar foi a minha arma de combate durante anos, criava-me uma distância segura onde me podia proteger. Hoje não quero essa distância, não quero essa barreira.“
Já só volto a escrever em Outubro, sobre o medo, a insegurança e a memória:
“Escrevo na expectativa de poder recordar, de poder mais tarde olhar para trás e voltar a ler-me. Escrevo porque os meus dedos assim o dizem para fazer, sem medos e sem vergonha. Neste momento de paz que encontro comigo mesma, com tudo o que faz parte da minha vida, e com tudo o que não faz parte, também. Sou um conjunto de partes, que se cruzam e partes que se estilhaçam no Universo. Sou parte de um todo, de mim.”
É Novembro e estou em deslize para mais uma crise depressiva, o mundo tornara-se difícil, muito difícil, deslizei, mas não caí:
“Há umas semanas que não me venho a sentir bem, tendo-se tornado mais difícil nas últimas duas. O esforço imenso que faço diariamente para sobreviver mais um pouquinho é tremendo, é duro e é angustiante. Respiro fundo…, mas respirar fundo não é suficiente. Fecho os olhos e procuro o silêncio…, mas o silêncio não é suficiente. Deito-me e tento dormir…, mas dormir também não é suficiente. A vontade de viver acabou e a vitalidade desapareceu deste mundo. Custa-me, tudo me pesa, tudo me é difícil e requer imensa energia que não tenho.”
Já em Dezembro, estou noutro lugar, mais optimista, mais segura de mim, mais proativa em criar momentos de autocuidado:
“Era preciso voltar a agarrar-me a algo palpável, material e forte para me sustentar, mesmo que fosse mais uns dias. Era um dia de cada vez, um momento de cada vez, um acontecimento de cada vez, que somados ao cansaço me tornavam mais sensível e muito menos capaz de responder às expectativas: ainda hoje me custa, estou melhor, mas ainda me custa.”
Não foi um ano rico em artigos por aqui, mas aconteceram também algumas coisas interessantes: consegui entrar na Pós Graduação de Sexualidade Humana na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e finalmente consegui começar a ter alguns momentos de descanso sem sentir culpa, tudo se tornou um pouco mais fácil de viver no dia a dia. No entanto, foi um ano de várias ressignificações, vários momentos difíceis que ainda preciso continuar a trabalhar e a colocar na minha agenda de trabalho pessoal.
A partir daqui, espero conseguir tornar um 2025 mais rico em diferentes dinâmicas de autocuidado e autopreservação. Continuar a lutar para erradicar amarras que me prendem, continuar a viver para viver e não só sobreviver.
Por um ano de 2025 com mudanças estruturais importantes e de fundo para o meu dia a dia.
Artigos de 2024:
- Estendida no sofá, acho-me…
- Na corda bamba com as estações do ano…
- Pelos céus… de encontro a mim mesma…
- Reconduzir, ressignificar, repensar…
- Uma parede branca…
Feliz Ano 2025 e continuação de boas leituras,
Dani