Já estamos em 2024 e queria, antes de mais, felicitar-me pelas conquistas que consegui este ano. Um ano de muitas mudanças, mas também de muitas conquistas. Mais difíceis ou mais fáceis, o fato é que há mudanças muito significativas no meu dia a dia.
Este blogue ficou um pouco ao abandono em 2023, sendo que me foi difícil escrever artigos, não por falta de tempo, mas por falta de disponibilidade mental. Vou continuar o objetivo que tracei a ano passado: cuidar melhor este espaço e abrir as portas para novos tipos de conteúdo.
Ainda assim, queria deixar um resumo deste caminho que foi 2023.
O meu primeiro artigo foi só no Dia Internacional da Visibilidade Trans e fala sobre a minha frustração em relação à promoção destes dias:
Apesar das muitas conversas, reuniões, marchas e atividades em geral, é sempre um dia que me deixa melancólica e com vontade de me recolher no meu espaço individual. É um dia que me faz trazer à memória o meu percurso e aquilo que tenho conseguido (e não) construir, mas também, aquilo que se tem conquistado (ou não), enquanto comunidade e coletividade.”
Em Abril, escrevo sobre como a minha loucura me tem moldado ao longo dos anos e, principalmente, no entendimento que tenho sobre mim mesma:
Num momento da minha vida em que me sinto bem, positivamente bem, estável, estruturada e capaz de gerir várias das minhas emoções de forma tranquila e de forma construtiva, procuro chegar a reflexões mais profundas sobre mim, sobre quem eu sou, sobre o caminho que quero percorrer.”
Em Maio, volto a escrever sobre a angústia e como sentia que potencialmente podia estar a regredir no meu processo:
Nem sempre é sobre andar para trás.” Não. Porque não estou a dar passos para trás, nem terei de fazer uma viragem de 180º neste caminho. Simplesmente não se trata de andar para trás nesta estrada. É, na realidade, a confrontação comigo própria, com o de mais impiedoso e traiçoeiro que há na minha racionalidade e emocionalidade. É o conflito entre as minhas emoções, vivências e memórias corporais que surgem ambíguas e ambivalentes. Procuro assim, neste momento, acreditar que estou numa posição em que o trajeto é para continuar, deixando fluir e permitir-me sentir todas estas sensações da forma mais clara possível para poder, com isso, saber pedir a ajuda necessária para atravessar este momento.”
Por fim, em Outubro, escrevo após a conferência da ILGA-Europe e como foi importante para mim:
Senti-me feliz com o apoio das pessoas que encontrei, nas felicitações, nas vontades de construir para a frente e não para trás. Para mim foi um passo importante, mas ainda preciso processá-lo, talvez por isto esteja a escrever isto num avião enquanto viajo de Belgrado para Lisboa com mais 3 horas de viagem pela frente.”
Apesar de ter escrito pouco, este ano foi um ano de conquistas várias em campos diversos. Consegui, finalmente, acabar a minha licenciatura em Astronomia e Astrofísica, passei a 5º Kyu no Aikidô (cinturão amarelo) e fui eleita presidenta da Associação ILGA Portugal. A minha rede de apoio e afetos cresceu e tornou-se mais estável. Estou mais disponível a sentir felicidade sem sentir culpa associada. Estou mais disponível a sentir a presença das pessoas na minha vida.
Desde este ponto, espero conseguir um 2024 com diferentes dinâmicas e libertar-me de correntes que às vezes coloco em mim mesma.
Espero assim, um ano 2024 com muitos desafios, mudanças e reflexões sobre o futuro.
Artigos de 2023:
- Porque acreditar
- Nem sempre é sobre andar para trás
- A loucura, am minha loucura
- Mais um dia de Visibilidade Trans
Feliz Ano 2024 e continuação de boas leituras,
Dani