O ano 2019 está a acabar e com ele, mais uma década. Entramos nos anos 20. Passaram alguns meses até voltar a escrever no blog
“Acompanha o meu caminho uma tela branca. Uma tela quadrada, simples, de moldura feita de madeira de pinho.”
Ainda num processo de descoberta de mim própria, houve momentos fortes, momentos que me vi com bastante dificuldade, momentos vários em que a dor me atingiu de uma forma que não esperava. Ao mesmo tempo, momentos de grande alegria completaram o meu ano de 2019.
“Oscilar entre o desejo e a morte é a minha permanência de existir. A conexão perfeita entre o sentir-se nua e o sentir-se invisível para o mundo. A melancolia pesa-me, o humor trespassa a necessidade de existir a acaba na virtude do silêncio.”
Durante todos estes meses cresci, cresci bastante. A cada momento vou conseguindo exprimir-me melhor, expondo as minhas necessidades e os meus sentires. Apesar de um ano que se finalizou num processo bastante complicado, sinto que o saldo é positivo.
Consegui voltar a pegar nos estudos, conseguindo fazer mais algumas cadeiras. Este ano voltei a realizar diversas acções de sensibilização pela causa LGBTI+, em particular, identidade de género. Porém, devido a muitos acontecimentos, tenho-me movido muito menos nestas actividades.
A agenda de 2019 vai mantendo estes registos vivos.
Depois de um verão cheio de energia, chego a Outubro e tudo mudou drasticamente. Entrei numa espiral depressiva grave, deixando-me catatónica e sem possibilidade de participar em actividades, trabalhar e com muita dificuldade de socialização. Porém, também foi um momento grande de aprendizagem. Aprender a pedir ajuda, a falar das minhas necessidades, a não estar sozinha quando tudo parece estar a ruir… mostrar as minhas vulnerabilidades.
“Durante muitos anos escondi-me durante as minhas crises, isolava-me, permanecia na escuridão até melhorar. Resultado: as crises eram longas, difíceis e muito solitárias. Negava a aproximação de quem quer que seja, sentia culpa pelo meu estar e não queria de algum modo perturbar a vida diária de ninguém, não queria estar nesse papel de vulnerabilidade.”
A minha rede de proximidade melhorou e aprendi que posso contar com as pessoas que me rodeiam. Não voltei a fugir do mundo numa táctica de sobrevivência. Porém, passei quase três meses em casa, tentando recuperar a actividade, tentando recuperar o bem estar… entro em 2020 para um novo ritmo.
“É neste período de acontecimentos rápidos que precisei de mudar a estratégia que normalmente usava: procurar ajuda.”
Hoje, último dia do ano, é dia de validar os objectivos do ano passado, retificar alguns e criar novos objectivos. Num processo inteiramente de auto-escuta, auto-critíca e cumplicidade é importante criar uma visão para um futuro melhor em 2020.
Artigos de 2019:
- Uma tela branca
- Oscilar entre o desejo e a morte
- Sei que a morte me persegue
- É um lar sem alma
- Quando o problema é da casa de banho… e não das mentes.
- Na certeza de quem sou
- Dia Mundial da Saúde Mental - A Doença Invisível
- Acordo pela manhã…
- Quando a apatia te rouba o prazer…
- Porque hoje é melhor que ontem…
- Lugar de vulnerabilidade
- Os movimentos repetitivos
- A lista de tarefas
- As noites
- Quando a ajuda é necessária…
- Um olhar em perspectiva
- Quando apenas se quer ser ouvida…
Feliz Ano 2020 e continuação de boas leituras,
Dani