Atualmente, a importância que a ciência tem num país assume proporções gigantescas que resultam numa competição constante entre estes. Talvez, mais do que nunca, existem pessoas formadas na área científica. Refiro-me à mesma pelo facto de que, eu próprio, estou em ciências. Porém, não é demais dizer que, por vezes, sinto que esta batalha é estranha e cansativa.
Acredito, sem sombra de dúvida, no progresso, na ajuda constante que a ciência tem trazido para a evolução humana, principalmente, nos meios e no autoconhecimento. Seria bastante ignorante em dizer o contrário. Por outro lado, noutras vezes, independentemente da visão de cada um, acredito que seja importante, também, ver o mundo de um modo menos científico (pensando apenas na vivência). Procuramos insanamente uma resposta para a vida através do Método (destaco esta palavra, pois é esta definição que faz a diferença), mas não seria útil procurarmos para nós mesmos um significado pessoal que não nos reduza a quase nada? Do ponto de vista evolutivo isto não significa muito, uma vez que, todo o nosso desenvolvimento é feito em detrimento da espécie e não do indivíduo em particular. Não seria, no entanto, bom apostarmos na nossa formação enquanto ser emocional e racional?
Debato-me frequentemente com esta questão. Sou da área científica, mas ao mesmo tempo apaixonado pela área criativa, pela filosofia (uma definição genérica). No sentido prático, a arte e a filosofia levam-nos a conhecer a nossa visão do mundo e não aquela que é comum a todos, subjetiva e não objetiva. Por vezes, sinto que isso assume pouca importância, talvez consequência dos tempos.
No fim, vê-mos constantemente rixas entre pessoas que valorizam mais “um lado” ou o “outro lado”, quem tem razão? Talvez, na realidade, o que buscamos seja o mesmo. A felicidade, o autoconhecimento, um mundo melhor. Será necessário atropelarmo-nos constantemente para o fazer? Será necessário colocar sempre na mesma batalha a complexidade, a dificuldade, o significado, o talento, a expressão e o próprio modo de viver? Somos todos iguais, mas todos diferentes ao mesmo tempo. Para o mundo, pouco significamos, para nós mesmos, somos tudo.
Daniel Bento