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Uma Vida, Duas Vidas

Daniela Filipe Bento Daniela Filipe Bento Seguir 30 de outubro de 2014 · 1 min read
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O tempo não é infinito, mas finito. Tal como o tempo, nós nascemos, crescemos e um dia… morremos. A vida passa, e deixa apenas ficar a memória e a recordação de termos existido. Esta recordação permanece nos que ficam e nos que virão, um dia. Porém, não é na memória que vivemos, mas no presente, no dia, no momento.

Hoje, sinto que eu começo a fazer parte de mim mesmo, do meu presente. À medida que os últimos dias têm passado, tenho sentido um borbulhar interior num local onde apenas o vazio habitava, num sítio escuro onde não conseguia colocar nada. Começo a sentir-me vivo. Há qualquer coisa dentro de mim que me deixa feliz, bastante.

O meu estado de espírito está a mudar, sinto uma felicidade madura, capaz de durar. Uma felicidade serena. Talvez pareça não ter mudado nada, mas na realidade mudei tudo… mudei a minha perspectiva de ver o mundo e isso… reflecte-se. Tudo muda de uma forma positivamente agradável.

Há mudanças pontuais que vão acontecendo, no entanto, há uma coisa importante. O meu eu. O meu núcleo. O núcleo que me forma, o núcleo que estabelece a pessoa que eu sou, o núcleo que estabelece a minha linha de pensamento e no que acredito. O meu núcleo é único e apenas um. Independentemente da cor do espectro onde estou, sou eu. Mas neste momento caminho para um eu mais completo, para um eu onde a visão que tenho interior é a mesma de como me sinto no mundo. Sou um espelho de mim mesmo, um espelho perfeito, sem textura, sem vincos, sem imperfeições e sem distorções. Sou eu.

Durante muitos anos, a minha pessoa, o meu conjunto, era uma imagem desfocada, com características evidentes, mas desalinhada, privada. Uma imagem sem nitidez. Era esta a correspondência. Como acontece quando se desliza uma pedra no vidro, sinto-me agora. Uma pedra passa por mim, torna-me os momentos difíceis, mas no fim… eu, polido.

Capaz de me ver. Uma vida focada, alinhada… feliz.

Dani Bento

Daniela Filipe Bento

Escrito por Daniela Filipe Bento Seguir

escreve sobre género, sexualidade, saúde mental e justiça social, activista anarco/transfeminista radical, engenheira de software e astrofísica e astronoma